quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Até o dia que eu sonhei

Leia ouvindo:


Toca o telefone:

- Alô?

- Oi, sou eu, não… Por favor, não desliga! Sei que você não quer me ouvir mas eu preciso falar. Sério! Por favor me ouça. Sumi por todo esse tempo porque eu precisava pensar na minha vida, nas decisões e nas atitudes que eu tomei, sei que pode parecer besteira tudo isso que eu estou te falando, mas tenta entender o período que eu estava passando, tenta entender os meus problemas! Não! Por favor, não me interrompa! Deixa eu terminar, precisei de muito tempo para criar coragem e te falar tudo o que está engasgado. Bom, então, desde aquela época quero conversar com você, mas não está sendo fácil. O trabalho está puxado e foi agora só que eu comecei enxergar as merdas que eu fiz. Já falei isso, não... por favor! Não! Não bufa no telefone! Para de fungar! Você está chorando? Não chora, por favor! Deixa eu continuar até o final. Então, como eu tava dizendo, me perdoa, me perdoa por tudo que eu te fiz passar. Me perdoa por deixar a sua mala pronta e eu não te buscar. Para de chorar, por favor! Você tá tentando disfarçar as fungadas mas eu estou ouvindo, quero dizer uma única coisa, eu te amo, eu te amo muito, me perdoa... volta pra mim... Alô? Alô? Você tá me ouvindo?

***

PS: Levemente inspirado no último capítulo de um livro (re)lido recentemente e também no sonho da manhã.

4 comentários:

  1. Leia "Para uma avenca partindo", do Caio Fernando Abreu. Tem esse ritmo de narrativa, de quando a gente tá engasgada, em desespero pra dizer um tantas coisas. Leia, é muito bom. É tocante. Transforma.
    http://caio-fernando-abreu.blogspot.com/2007/06/para-uma-avenca-partindo-caio-f.html

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  2. Adorei o txt do Caio F. amiga, principalmente a parte do que ele diz: "Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?"
    Já conversmos tanto sobre isso né? =S
    Obrigada pela indicação! Toca e transforma mesmo.

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  3. Ai, eu nem quero saber das referências literárias, só sei que adorei e vivi cada vírgula. Parabéns!

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  4. Lálika, nem tenho o que dizer. Que lindeza é essa toda? Super ficção ou não.

    Já tinha lido, mas acabei não comentando. Beijos!

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