sexta-feira, 30 de abril de 2010
Sua posição preferida
Detalhes – Roberto Carlos
Sentada na cama, com os joelhos dobrados, o braço esquerdo abraçando as pernas, a mão direita puxando o lábio inferior. O olhar fixo em algum ponto do quarto, o cabelo desarrumado, vestida sempre com o seu pijama. Ao lado, seus livros “de adolescente”, como gostava de dizer, relidos pela terceira, quarta vez. Só para não pensar nele. Tudo para ocupar sua mente.
Quantos dias tinham se passado? Semana? Meses? Não conseguia lembrar, não queria lembrar. Estava começando a bloqueá-lo da sua mente. Não queria lembrar das conversas, das tardes ensolaradas, das idas ao cinema, dos acampamentos, das férias na praia. Não queria lembrar dos momentos que passaram juntos.
Para isso, tinha um “macete”. Quando vinha alguma alguma imagem dos dois em sua cabeça, colocava as palmas mãos nos ouvidos, fechava bem os olhos e chacoalhava a cabeça com força. Assim, os pensamentos escapavam, um pouco.
As coisas estavam se encaixando, com o tempo. Mas para dois “detalhes” ela ainda não tinha solução. O buraco no peito, como se tivessem arrancado seu coração e seus sonhos. Porque ela conseguia controlar tudo, menos seu subconsciente.
PS: Outro texto para a editoria “Ficção ou não”.
PS2: Hoje é sexta! Comemoração do aniver da Ana Carolina, minha arquiteta preferida. A noite promete!
PS3: E o dia amanheceu lindo. Sem chuva e com sol! Pedir calor já é demais né? Mesmo assim, adoro dias frios com sol.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Uma ótima leitura, sempre
Paul McCartney & Wings - Live And Let Die
Nunca me decepciono com Ian McEwan. Tudo o que eu leio dele (ou quase, já explico) me deixa com uma sensação de que eu a) nunca vou escrever na minha vida igual/parecido com ele, nem nos meus melhores sonhos e que b) sempre vou lembrar de trechos, e será mais um daqueles livros em que, qualquer página que eu abrir vou tirar uma citação (vide A Insustetável Leveza do Ser, Milan Kundera, mais em breve).
Terminei meu quarto livro e meio dele, Cães Negros. Já li Reparação, Sábado, Na Praia e infelizmente, por razões que eu desconheço, não terminei de ler Jardim de Cimento. Mas um dia eu termino, juro! É um livro bárbaro, mexeu demais comigo.
Mas vamos aos Cães Negros. Na história, Jeremy é um órfão que sempre busca nos pais dos seus amigos, o carinho que ele nunca teve com os próprios pais, que morreram em um acidente de carro quando ele tinha oito anos. É por isso que ele se identifica tanto com sua sobrinha, Sally, que de uma forma é “meio órfã” já que a mãe e o pai não dão a devida atenção para a menina.
Por isso, ele fica obcecado pela história dos pais da sua mulher, Jenny. June e Bernard Tremaine são um casal de comunistas que se casaram logo após a guerra. O que acontece na lua de mel do casal, pelo interior da França é que faz o recém-casal ir se separando, mas sem nunca deixar de um influenciar na vida do outro.
Os cães negros que dão título ao livro são o motivo da lenta separação do casal, já que ali, a mulher viu a personificação do mal como ela diz, justamente para fugir do pragmatismo de Bernard. A história é contada pelo ponto de vista de Jeremy, na primeira pessoa, e trás também a queda do Muro de Berlim como um parte muito importante da história de Bernard e June que ele futuramente vai contar.
É uma ótima leitura. Fica a dica para quem quiser acompanhar esse escritor que sempre me surpreende e nunca me decepciona. Agora, algumas das frases perfeitas que eu falei no post abaixo. Espero que vocês gostem.
“Eu não era ligado a ninguém. não acreditava em coisa alguma. Não que duvidasse de tudo, ou que estivesse armado com um ceticismo útil da curiosidade racional, ou que fosse capaz de analisar todos lados de um argumento; simplesmente não me identificava com nenhuma causa, nenhum princípio duradouro, nenhuma ideia fundamental, nenhuma entidade trascendente cuja existência eu pudesse verdadeira e apaixonadamente garantir”. Pág 19.
“Eu só os conheci muito mais tarde, mas sentia uma espécie de saudade do tempo distante e breve quando Bernard e June viveram juntos, com amor e sem complicações”. Pág 41.
“Os momentos decisivos da vida são invenção de romancistas e dramaturgos, um mecanismo necessário quando uma exitência é reduzida a um enredo, traduzida por ele, quando a moral deve ser destilada de uma sequência ações, quando o público deve ir para a casa com algo inesquecível que marca o crescimento do personagem”. Pág 46.
“A verdade é que amamos, nunca deixamos de nos amar, é uma obsessão. E não conseguimos fazer coisa alguma com isso. Não fomos capazes de construir uma vida. Não pudemos desistir do amor, mas recusamos nos curvar à sua força”. Pág. 47.
“Cada desacordo era uma interrupção daquilo que sabíamos ser possível – e logo passou a haver uma única interrupção. No fim, o tempo acabou, mas as lembranças não desapareceram, acusadoras, e ainda hoje nenhum de nós pode deixar o outro em paz”. Pág. 48.
“A crença de que a vida realmente tem recompensas e castigos, que no fundo de tudo existe um padrão de significado além do que atribuímos a nós mesmos – isso é mágica consolodora”. Pág. 71.
“O racionalismo é uma fé cega”. Pág. 103.
“Podemos amar sem um deus, muito obrigado. Detesto o modo de como os cristãos sequestraram o mundo”. Pág. 104.PS: Não sou crítica literária! É só um aviso. Críticas são sempre bem vindas, mas de quem entende, por favor.
PS2: Não quis copiar aqui todas as frases do livro que eu gostei. Existem várias e elas precisam do contexto! Então leiam!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Razões que ela desconhecia
Leia ouvindo:
The Killers - For Reasons Unknown
O dia amanheceu com uma grande expectativa. O último feriado antes do Natal estava recheado de planos. Levantou, tomou café e partiu para o trabalho. O dia ia ser corrido. Tudo aconteceu normalmente. O telefonema dele confirmando a viagem dela para o interior do estado ocorreu no horário de sempre. Durante a hora do almoço, ela voou até a rodoviária para comprar a passagem para aquele dia, às 18h. Como ela tinha imaginado, estava lotada de pessoas que como ela, iam visitar parentes, amigos ou amores.
Durante a tarde, a hora não passava, mas finalmente, o relógio bateu às 17h e ela pode ir embora. A tarde estava tão linda! A caminho do interior tirou fotos do crepúsculo do dia que estava terminando. A única coisa que a incomodava era o fato dele ainda não ter ligado, só tinham se falado pela manhã, mas isso não chegava a ser uma preocupação. Ela tinha enviado um e-mail para ele informando a hora da saída e a provável hora de chegada na rodoviária. Com certeza ele já tinha visto.
Deixou que o livro de contos que estava lendo a distraísse sua mente desses pensamentos. Tinha ido a livraria uns dias antes para comprar e autografar o livro de uma de suas cantoras preferidas, que agora se mostrava uma ótima escritora.
Então, começou a lembrar dos planos que eles tinham feito para o feriado prolongado. O carro novo na garagem trazia a espectativa de momentos românticos em algum vilarejo aos arredores da cidade natal dele. A compra do carro pelos dois mostrava um futuro lindo pela frente. Um futuro juntos, destinado um para o outro. Apesar de estarem namorando há apenas dois anos, parecia que eles já se conheciam durante a vida toda. Tudo era belo e especial.
Mas, por razões que ela desconhecia, ele não apareceu na rodoviária. Por razões que ela desconhecia, seu coração não bateria mais como bateu um dia. Por razões que ela desconhecia, seus lábios não beijariam mais como um dia. Por razões que ela desconhecia seus olhos não o reconheceriam novamente.
Por razões que ela ainda desconhecia, depois daquele dia de solidão na rodoviária, a espera de alguém que está para chegar, mas que não chegou, sua vida nunca mais seria a mesma.
PS: Ufa! Meu primeiro texto de ficção (ou não!) do Blog, espero que vocês gostem.
PS2: A foto é de uma trip para Floripa, tanto tempo atrás que eu quase nem me lembro mais.
domingo, 25 de abril de 2010
Vivendo e (não) aprendendo
Vou Festejar - Beth Carvalho
Sou péssima para dar conselhos. Uma das vantagens de ser minha amiga, é que eu sempre ouço, e é difícil eu expressar minha opinião de cara. Depois de um tempo posso até falar o que eu estou pensando, mas isso nem sempre acontece.
Por isso mesmo que eu não sigo nem os meus próprios conselhos. No post passado falei das coisas para se fazer sozinha. Me deu uma louca e eu saí de casa depois que eu escrevi, fui no cinema, fui na livraria, tomei café em um café e comprei o jornal. Para terminar o dia, caí no samba com minha amiga Paola e estou com os dois joelhos arrebentados (velhice!).
Será que foi um passo importante? Talvez. Como eu disse, as coisas tem que acontecer naturalmente, sem pressão. Um dia de cada vez. E claro, reaprender a fazer as coisas, reaprender a ser você novamente.
PS: Ontem fui no cinema, finalmente assisti O Segredo de Seus Olhos. Estou chocada até agora. O cinema mexe comigo de uma maneira que eu não consigo explicar. Um filmão. Vou deixar para quem entende tentar explicar. Aqui e aqui. Um dos melhores diálogos do filme, na minha humilde opinião é quando Sandoval (Guillermo Francella) conversa com Benjamin (Ricardo Darín) em um boteco de Buenos Aires tentando desvendar o crime que acontece no início da trama. Ele diz para seu companheiro que um homem pode mudar tudo, nome, cidade, país, religião, Deus. Mas não pode mudar uma paixão. Devastador.
PS2: Comprei o livro da Alice no País das Maravilhas. Uma edição boa, bonita e barata da editora Zahar. Leitura de domingo. Ah, vem o Alice através do Espelho nessa edição também. Aproveitem!
PS3: Estou bolando um post sobre o novo mal do século. A ressaca! Aguardem!
sábado, 24 de abril de 2010
Coisas para se fazer sozinha
Barão Vermelho - Eu queria ter uma bomba
Estive pensando esses dias em uma lista de coisas que eu tenho que reaprender a fazer sozinha. Essas coisas eu sempre fazia acompanhada, daí quando eu vou fazê-las, por algum motivo, eu fico mal. Daí bate aquela deprê e o resultado é uma vontade enorme de ficar em casa fazendo nada. O negócio é ir tentando aos poucos, o que não dá para fazer é parar de viver. Vamos a lista:
- Ir ao cinema.
- Entrar em uma livraria.
- Tomar café em algum café.
- Comprar o jornal na banca.
- Ler na cama.
- Dormir!
- Ficar domingo em casa.
- Assistir algum filme na TV.
- Cozinhar.
PS: Na foto, eu em um dia no parque. Há muito tempo atrás.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
O que fazer quando acaba a luz
Divinyls - I Touch Myself
ou
The Cure - Friday I'm in love
Comecei a escrever esse post no escuro e à mão. Explico: é que acabou a luz aqui em casa por causa da chuva que estava caindo ontem. O estranho é que a luz acabou somente do nosso lado da rua. Até nisso eu levo azar.
A falta de luz aqui em casa me fez pensar em o que fazer quando não há energia. Não dá para ler, nem esquentar comida, assistir tv ou tuitar. Um tédio sem tamanho. Como tudo ficou escuro por volta das 18h30, não dava nem sono para dormir.
Consegui pensar em somente uma coisa para fazer quando acaba a luz. Sexo. O problema é que precisamos de companhia (ou não!) para isso. E tem gente que não gosta de fazer sexo no escuro, enfim... as possibilidades de coisas para fazer sem luz são poucas. Agora as possibilidades de sexo no escuro são várias! Fica a dica: quando acabar a luz novamente, seja a hora do dia que for, pega o namorado, marido, amante, ficante, o que for e se joga na cama. Porque a luz pode voltar, mas o perigo não pode parar!
A luz ainda não voltou no Lindóia, (acabou voltando só de madrugada) então escrevi tudo a mão, como nos old times e acabei indo dormir cedo.
PS: Voltei mais cedo que eu esperava! Eba!
PS2: Mesmo sem luz recebi uma ótima notícia. Compartilho logo que der certo.
PS3: Estou lendo Cães Negros do Ian McEwan (o cara do Reparação). Um ótimo livro, com frases perfeitas. Publico um mini resumo assim que terminar.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Um novo começo
How Soon Is Now - The Smiths
Hoje eu perguntei no Twitter (@lalikatz) algumas sugestões de músicas deprês. E surgiu a ideia dos Smiths. Realmente, dependendo do dia eles são bem deprimentes.
Reativei esse blog. Faz tempo que tinha criado, o nome vem de um haikai do Paulo Leminski. Vou escrever aqui tudo que vier na minha cabeça, sem pretenção nenhuma. Sem compromisso de atualiza-lo, sem nada.
Para começar, hoje vou escrever sobre um assunto que vem me incomodando há alguns dias: despedidas. São sempre tão dificeis. Seja qual for. Quando eu morei na Argentina, mesmo tendo ficado pouco tempo por lá, tive que me despedir de um monte de gente. Foi difícil.
Mas acho que o pior é se despedir de um amor. De alguém que um dia significou muita coisa para você, e hoje, faz parte do passado, mas parte do ontem.
E quando não há despedidas? Ficam somente as ofensas e aquela sensação horrível de estar devendo algo, talvez uma última conversa, aquela coisa de colocar os 'pingos nos is'. É terrível.
No fim, não temos que ter medo das despedidas. Temos que viver. E se elas acontecerem novamente, fica o sentimento de que pelo menos estamos vivendo. E como dizia meu avô, "assim caminha a humanidade".
PS: Volto quando quiser. Mas acho que não vai demorar!